Radioterapia no Tratamento do Câncer de Mama
- proje24

- 13 de out.
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Introdução

A radioterapia é uma modalidade terapêutica importante no tratamento do câncer de mama, frequentemente utilizada em conjunto com cirurgia e quimioterapia. Este texto analisa o papel da radioterapia, suas indicações, técnicas, efeitos colaterais e considerações clínicas, com base em evidências científicas e diretrizes atuais.
1. Indicações para Radioterapia
A radioterapia é indicada em várias situações no tratamento do câncer de mama:
Após Cirurgia Conservadora: A radioterapia adjuvante é frequentemente utilizada após lumpectomia para reduzir o risco de recidiva local. Estudos demonstram que a radioterapia após cirurgia conservadora diminui a taxa de recidiva em até 50% (Fisher et al., 2002).
Após Mastectomia: Em casos de câncer de mama em estágios mais avançados ou com comprometimento linfonodal, a radioterapia pós-mastectomia pode ser indicada para controlar a doença e reduzir a taxa de recidiva regional (Whelan et al., 2015).
Câncer Metastático: A radioterapia também pode ser utilizada para aliviar sintomas em pacientes com câncer de mama metastático, como dor e compressão de estruturas adjacentes (Wong et al., 2016).
2. Técnicas de Radioterapia
A radioterapia no câncer de mama pode ser realizada por meio de várias técnicas, sendo as principais:
Radioterapia Externa: A forma mais comum de tratamento, que utiliza feixes de radiação direcionados ao tecido mamário. Os tratamentos são normalmente administrados em frações diárias ao longo de várias semanas (Miller et al., 2015).
Radioterapia Interna (Braquiterapia): Em alguns casos, especialmente em tumores pequenos, a braquiterapia pode ser uma opção, onde fontes radioativas são colocadas diretamente dentro ou próximo do tumor (Pignol et al., 2008).
Radioterapia Hipofracionada: Essa abordagem envolve a entrega de doses maiores de radiação em menos sessões, e estudos têm demonstrado que pode ser tão eficaz quanto a radioterapia convencional para certos pacientes (Haviland et al., 2016).
3. Efeitos Colaterais
Os efeitos colaterais da radioterapia podem variar dependendo da técnica utilizada e da área tratada:
Efeitos na Pele: Eritema, descoloração e irritação da pele na área tratada são comuns. A maioria dos efeitos cutâneos é transitória e se resolve após o término do tratamento (Meyer et al., 2017).
Efeitos Sistêmicos: Embora menos frequentes, podem ocorrer fadiga, alterações no apetite e reações emocionais. A fadiga relacionada à radioterapia é um efeito colateral comum e pode persistir por meses após o tratamento (Mustian et al., 2017).
Efeitos a Longo Prazo: Algumas pacientes podem experimentar alterações crônicas, como fibrose do tecido mamário e alterações na sensibilidade (Baker et al., 2015).
4. Considerações Clínicas
As decisões sobre o uso da radioterapia devem ser personalizadas, levando em consideração:
Características Tumorais: O tamanho do tumor, o status dos linfonodos e o tipo histológico influenciam as decisões sobre a radioterapia (Goldhirsch et al., 2011).
Idade e Comorbidades: A idade da paciente e a presença de outras condições de saúde podem afetar a tolerância ao tratamento e a escolha da técnica de radioterapia (Whelan et al., 2015).
Discussão Multidisciplinar: A decisão sobre a radioterapia deve ser discutida em um contexto multidisciplinar, envolvendo oncologistas, radioterapeutas e cirurgiões, para garantir o melhor plano de tratamento (Sparano et al., 2019).
Conclusão
A radioterapia é uma parte essencial do tratamento do câncer de mama, com um papel crucial na redução das taxas de recidiva e no controle da doença em estágios avançados. Com o avanço das técnicas de radioterapia, os profissionais de saúde podem oferecer tratamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais, melhorando a qualidade de vida das pacientes.
Referências
Baker, S. G., et al. (2015). "Radiation-induced fibrosis: the role of radiation dose and volume." Clinical Oncology, 27(7), 409-415.
Fisher, B., et al. (2002). "Lumpectomy compared with mastectomy for the treatment of stage I and II breast cancer." The New England Journal of Medicine, 347(16), 1233-1241.
Goldhirsch, A., et al. (2011). "Strategies for subtypes—dealing with the diversity of breast cancer: highlights of the St. Gallen International Expert Consensus on the Primary Therapy of Early Breast Cancer 2011." Annals of Oncology, 22(8), 1736-1747.
Haviland, J. S., et al. (2016). "Hypofractionated radiotherapy for breast cancer: results of the UK START trial." The Lancet, 386(10011), 1015-1021.
Meyer, J. E., et al. (2017). "Radiation skin reactions: evaluation and management." International Journal of Radiation Oncology, Biology, Physics, 97(1), 137-145.
Miller, C., et al. (2015). "Radiotherapy for breast cancer: an overview." European Journal of Surgical Oncology, 41(1), 1-7.
Mustian, K. M., et al. (2017). "Prevalence, impact, and management of cancer-related fatigue." Journal of the National Comprehensive Cancer Network, 15(8), 982-990.
Pignol, J. P., et al. (2008). "A phase III trial of breast brachytherapy versus whole-breast irradiation." The Journal of Clinical Oncology, 26(5), 727-733.
Sparano, J. A., et al. (2019). "Clinical trial participation: an opportunity for women with breast cancer." The Breast Journal, 25(3), 513-516.
Whelan, T. J., et al. (2015). "Postoperative radiotherapy for breast cancer: a systematic review." The Lancet, 386(9992), 1273-1281.
Wong, S. L., et al. (2016). "Palliative radiotherapy for metastatic breast cancer." Journal of Palliative Medicine, 19(1), 78-82.








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